AS BIRRAS

As birras atingem o seu auge entre os 18 meses e os 3 anos, estão geralmente associadas ao facto de a criança ainda não ser capaz de verbalizar as suas vontades e podem surgir pela frustração do bebé não ser capaz de adiar as suas vontades.
A intensidade e a paixão que uma criança com cerca de um ano sente relativamente a cada decisão reflectem-se nas suas birras.
Habitualmente começam com o andar, já que nesta altura todas as atenções do bebé estão centradas nesse ponto e reflectem a luta interior da própria criança. Nas alturas mais inesperadas a criança pode fazer uma enorme birra, deitando-se no chão. Nem sempre estas crises de negativismo se podem evitar, mas uma actuação firme ajuda muito na sua resolução.
Mas também podem significar que algo não está bem e aparecem associadas a perturbações do desenvolvimento como a perturbação do espectro do autismo ou certas anomalias cromossómicas.


Recomendações aos pais:



  • O desejo pela independência da criança faz com que a palavra não se torne também a sua preferida, assim como o abanar a cabeça para dizer não. Qualquer pedido que seja feito terá uma resposta negativa. Este não não é dirigido a ninguém, é apenas uma fase pela qual a criança tem de passar. Não é necessário reprimi-la.

  • É necessário manter a disciplina para coisas importantes, para que a criança adquira os seus próprios limites. Afecto e Amor não significam permissividade e indisciplina.

  • É necessário educar e não castigar.

  • Não se deve deixar a criança fazer tudo o ela quer. É importante ensinar regras, o que se deve e não deve fazer para se viver em sociedade. Se a criança tiver um comportamento agressivo, como por exemplo, morder, bater, arranhar, deverá ser retirada do local e ser-lhe explicado calmamente porque não se deve comportar dessa maneira. Mesmo que a criança não compreenda tudo o que se lhe está a dizer, se for repreendida sempre que tenha essa atitude, acabará por entender que não é um comportamento aceitável.

  • Nesta fase as crianças têm necessidade de encontrar algo que atinja os pais, pelo que é essencial procurar compreender o que se passa com a criança, podendo ser uma chamada de atenção porque precisa por exemplo de um carinho.

PAPEL DOS PAIS NO APOIO AO DESENVOLVIMENTO DOS FILHOS

De acordo com a idade e a fase de desenvolvimento em que a criança se encontra, os pais podem estimular a aquisição de novas competências.

Recomendações aos pais:
Recém-nascido

Dar-lhe atenção, quando ele chora;
Não produzir ruídos fortes, não sacudir o berço nem mudar o bebé bruscamente de posição;
Evitar luzes intensas;
Para o acalmar, pegar-lhe ao colo e embalá-lo ou andar com ele;
Dar-lhe massagens é a melhor forma de o tranquilizar.
No 1º mês
Falar e cantar para o bebé;
Colocar um móbil no berço;
Por música suave, de preferência a mesma que a mãe ouvia quando estava grávida;
A mãe deve olhá-lo nos olhos, quando o alimenta.
Aos 2 meses
Falar-lhe com um tom de voz suave e olhá-lo nos olhos;
Provocar o seu sorriso e responder-lhe com alegria;
Fazer gestos exagerados, para que o bebé imite: abrir ou fechar os olhos, deitar a língua de fora, etc.
Aos 3 meses
Passar a mão aberta sobre a cara do bebé e o seu dedo sobre o rosto;
Agitar à frente do bebé um brinquedo sonoro para que ele o siga com o olhar;
Falar-lhe e esperar que vocalize com ruidinhos.
Aos 4 meses
Colocar na sua cadeirinha de passeio vários brinquedos para que os possa tocar e agarrar;
Pôr música e canções infantis;
Brincar com ele, elevando-o ao ar e fazendo-o sorrir;
Falar-lhe, olhando-o nos olhos.
Aos 5 meses
Colocar o bebé sob um arco de actividades;
Segurá-lo ao alto para que dê pontapés;
Brincar com ele, balançando-o. Falar-lhe e cantar-lhe.
Aos 6 meses
Colocar uns quantos brinquedos ao seu alcance e renová-los frequentemente, promovendo a sua actividade;
Brincar com ele a “fazer cavalinho”, “avião”, etc.
Aos 7 meses
Colocar à sua frente brinquedos «sempre-em-pé»;
Sentá-lo numa cadeira para comer;
Oferecer-lhe objectos com texturas diferentes;
Falar-lhe, cantar-lhe e recitar rimas.
Aos 8 meses
Proporcionar-lhe um espaço seguro para as suas explorações;
Ver livros com ele, comentando as imagens e imitando os sons;
Ensiná-lo a bater palmas e a dizer adeus;
Cantar-lhe, falar com ele.
Aos 9 meses
Imitá-lo nas suas primeiras palavras e incentivá-lo a repetir outras;
Levá-lo a passear à rua ou ao jardim;
Deixá-lo brincar no chão;
Falar-lhe e cantar-lhe.
Aos 10 meses
Favorecer as suas descobertas. Brincar com ele a esconder objectos;
Dar-lhe brinquedos de empilhar ou encaixar;
Dizer-lhe o nome de objectos familiares, para que os vá reconhecendo.
Aos 11 meses
Brincar a imitar caretas;
Ensiná-lo a imitar animais, dizendo-lhe os nomes;
Continuar a falar-lhe e a cantar-lhe frequentemente.
Aos 12 meses
Brincar com ele trocando coisas: “eu dou-te isto e tu dás-me isso”;
Estimular a fala e a imitação.

SAÚDE ORAL

A higiene oral inicia-se assim que o bebé nasce, podendo os pais, no final da amamentação limpar as gengivas, os lábios e a boca com uma compressa em volta do dedo, embebida em água morna, fazendo movimentos rotativos.

A partir do momento em que erupciona o primeiro dente, habitualmente por volta dos seis meses, os pais deverão dedicar uma atenção particular à boca do bebé. A primeira escova do bebé deve ser pequena e macia. A pasta dentífrica deve ser obrigatoriamente fluoretada e o número de higienizações é flexível, mas pelo menos duas vezes por dia, são recomendadas.



Recomendações:
· Após a erupção do primeiro dente, começa a sua higienização duas vezes por dia, utilizando-se para este efeito uma gaze, uma dedeira ou uma escova macia, com um dentífrico fluoretado com 1000/1500 ppm (mg/l)de fluoreto, sendo uma das vezes obrigatoriamente, após a ultima refeição.
· A quantidade de dentífrico a utilizar deve ser idêntica ao tamanho da unha do 5º dedo da mão da própria criança.
· Não se recomenda qualquer tipo de suplemento sistémico com fluoretos.

Outras informações importantes:
· Quando se dá a erupção dos dentes e a criança fica irrequieta e rabugenta, os pais poderão dar-lhe um mordedor refrigerado para aliviar a inflamação.
· A erupção dos dentes, normalmente segue a seguinte cronologia: começa pelos incisivos centrais inferiores (4-10 meses), depois os incisivos centrais superiores (8-12 meses) e os incisivos laterais inferiores (8-13 meses).
No entanto, nem todos os bebés seguem este padrão, não sendo motivo de preocupação a alteração a este esquema cronológico.
Com um ano de vida, a maioria das crianças tem 6 a 8 dentes de leite ou temporários. Ao ano de idade a criança pode ter os incisivos centrais inferiores, os incisivos centrais superiores e os incisivos laterais inferiores.

DIVERSIFICAÇÃO ALIMENTAR

· A partir do segundo semestre de vida, o leite humano ou artificial não é suficiente para cobrir as necessidades nutricionais do lactente, tornando-se necessária a introdução de outros alimentos complementares. Se a criança mantiver uma alimentação exclusivamente láctea depois dos seis meses, corre o risco de não manter uma progressão adequada de peso, desenvolver anemia por falta de ferro e sofrer carências vitamínicas.
· O bebé entre os quatro e os seis meses torna-se capaz de se sentar com ajuda, tem um bom controlo da cabeça e do pescoço, inicia movimentos de mastigação, usa a língua para introduzir alimentos na boca e está apto a aceitar comida de consistência mole, dada à colher.
· A introdução de novos alimentos é sempre aferida com o médico assistente que aconselha o melhor para cada criança.
· Os novos alimentos devem ser oferecidos por colher.
· O primeiro alimento que se oferece ao bebé a seguir ao leite poderá ser a farinha ou a sopa.
O bebé que inicia a sua diversificação alimentar tem de se adaptar não só a uma nova consistência dos alimentos (que passam de líquidos a semi-sólidos e depois a sólidos), mas ainda a novos sabores. Deste modo, a maior proximidade de sabores entre o leite e a farinha facilita a adaptação do bebé aos novos alimentos. No entanto, se o primeiro alimento oferecido for a sopa/puré de legumes, esta pode ser uma boa estratégia de prevenção da obesidade infantil.

Recomendações em relação às farinhas e à sopa/puré de legumes
Farinhas
Até ao sexto mês as farinhas só devem conter cereais sem glúten (proteína existente nalguns cereais como o trigo, o centeio, a cevada e a aveia).Os bebés amamentados poderão introduzir cereais com glúten mais cedo.
Farinhas lácteas – são as que contêm leite na sua composição, devendo ser preparadas apenas com água;
Farinhas não lácteas - não têm leite e devem ser preparadas juntando-as ao leite utilizado pelo bebé, mas um pouco mais diluído.
Sopa/puré de legumes
Inicialmente à base de batata, cenoura e um pouco de azeite (que se junta no final da cozedura), com a consistência de um puré. Posteriormente, e a intervalos regulares (por exemplo de semana a semana), devem ser introduzidas verduras e outros legumes. Podem ser usadas ervas aromáticas como salsa e coentros. Enquanto o bebé não for introduzido no regime alimentar da família, não adicionar sal na sua alimentação.


Possível esquema de diversificação alimentar
· Iniciar a diversificação alimentar substituindo uma refeição de leite por farinha sem glúten (de preferência não láctea).
· Uma a duas semanas mais tarde substituir outra refeição de leite por uma sopa de legumes.
· A primeira sopa deve ser feita com batata e cenoura, devendo os legumes ser triturados e reduzidos a puré. No final da cozedura adicionar uma colher de chá de azeite.
· Os legumes deverão ir sendo introduzidos, um novo em cada semana (alface, abóbora, agrião, alho francês, feijão verde, brócolos, couve flor). Não dar espinafres, nabo, beterraba, tomate, leguminosas e cebola.
· As sobremesas devem ser iniciadas com fruta crua, cozida ou assada, ralada ou esmagada (maçã, pêra, banana – são as de mais fácil digestão e as que têm um sabor provavelmente mais aceite pelo bebé).


Do 5.º mês até ao ano a introdução dos alimentos pode ser feita da seguinte forma:
· Ao 5º mês (se iniciou a diversificação aos 4 meses) introduzir a carne (20gr/refeição - 1 colher de sopa de carne picada). Iniciar pelas carnes magras (frango, peru), continuando a introdução com borrego, vaca, vitela, coelho.
· Ao 6º mês pode iniciar a introdução de farinhas com glúten e outras frutas (uvas, ameixas, manga, meloa, papaia, melão).
· Ao 8º mês pode introduzir iogurte natural (ao qual pode acrescentar fruta ralada bem madura). Pode ir introduzindo outras frutas (melão, meloa, manga, papaia). Nesta fase não deve dar, ainda, citrinos, kiwis, morangos, amoras e framboesas. Não adicionar açúcar ou mel. A criança passa a comer 2 refeições de sopa, cujos alimentos devem ser cada vez menos triturados.
· Aos 9º/10º mês pode introduzir peixe, fresco ou congelado (pescada, solha, linguado, maruca) – 20 gr/refeição. O peixe deverá ser cozido separado da sopa. Pode introduzir a gema de ovo cozida (começar por dar ¼, depois metade e mais tarde a gema inteira). Dar no máximo 2 a 3 vezes por semana. Pode oferecer queijo (tipo flamengo).
· Ao 12º mês a criança pode continuar a tomar o mesmo tipo de leite ou mudar para leite normal.

Quanto aos legumes, introduzir feijão, grão, ervilhas e lentilhas.
Quanto à fruta, introduzir citrinos, bem como os morangos, kiwis, e ananás.
Quanto ao ovo, pode dar ovo inteiro (clara e gema).
Quanto à carne, introduzir carne de porco magra.
As refeições passam, progressivamente, a ser iguais às da família. Os alimentos devem ser dados em pequenos pedaços e separados por sabores (1º sopa + 2º prato + fruta).


Alguns aspectos práticos a ter em conta
· A ordem de introdução dos alimentos não é rígida.
· O regime alimentar deve ser adaptado a cada criança.
· Não introduzir os alimentos novos com intervalos inferiores a uma semana.
· Dar sempre os alimentos sólidos à colher.
· Nunca oferecer mais do que uma farinha por dia.
· Não juntar farinha no biberão.
· Oferecer água no intervalo das refeições.
· Não adicionar açúcar nem mel aos alimentos.
· Não oferecer guloseimas.
· Não adicionar sal nos alimentos durante o 1º ano de vida.
· Não oferecer antes dos 12meses: morangos, amoras, framboesas e kiwis; condimentos, enchidos, mariscos e doces.